Chamam-se Querubim, são uma banda de indie-pop, e o seu álbum de estreia, “Saber Estar,” foi lançado em novembro de 2020. Pela mão do vocalista e mentor da banda, Rodrigo Cardoso, assistimos a um ensaio do grupo e ficámos a conhecer melhor estas jovens promessas da música nacional
Desde 2019 que Rodrigo Cardoso concilia a comunicação com a música. Foi durante a licenciatura em Ciências da Comunicação na NOVA FCSH que Rodrigo deu os primeiros passos na carreira musical. Publicou as primeiras composições na Internet, atuou ao vivo pela primeira vez e recebeu uma menção honrosa no concurso FNAC Novos Talentos. Como se não fossem conquistas suficientes em apenas um ano, Rodrigo criou o projeto “Boémia” que, mais tarde, se tornou “Querubim”, no qual é vocalista.
Acompanhámos um ensaio da banda nos Nirvana Studios, em Carnaxide, onde chegámos com o baixista António Fortunato, ao volante. Esperámos pela boleia junto do prédio onde mora Rodrigo, na mesma localidade. O criador da banda carregava a guitarra e o amplificador, que depois colocou no porta-bagagens.
O espaço onde se localizam os estúdios parece retirado de um filme. A Nirvana Boulevard, à entrada do Centro Cultural Alternativo, é um espaço em tudo hollywoodesco, desde as palmeiras e carros clássicos que a decoram, à disposição dos próprios estúdios. O terreno circundante, onde não há outros edifícios, faz lembrar o faroeste.
Dirigimo-nos a um dos grandes portões pretos com números estampados a branco que identificam o estúdio. Seguimos os músicos que carregam os materiais. O som metálico do portão pontua a entrada num corredor preenchido por música. Ouve-se uma banda a ensaiar, uma voz feminina acompanhada por um instrumental de jazz num crescendo que parece aumentar à medida que imergimos nos estúdios.
A sala alugada por Rodrigo Cardoso ainda está fechada e temos de aguardar pela chegada de um responsável. Enquanto esperamos no corredor com António Fortunato, o vocalista fala ao telefone com Ricardo Barroso, guitarrista em Querubim, que chegaria atrasado.
De gravador e máquina fotográfica nas mãos, entramos na pequena sala quadrada onde Querubim vai ensaiar. Instalamo-nos num sofá preto, junto à porta aberta para receber os elementos que ainda faltam chegar.
Três homens na casa dos trinta olham para nós, através do exterior da sala. Um deles aproxima-se lentamente e pede para falar com Rodrigo: houve um erro de organização da parte dos estúdios e as duas bandas alugaram o mesmo espaço de ensaio. A situação é rapidamente resolvida com a chegada de um segurança, que encaminha a banda recém-chegada para outra sala. O grupo, de forma calma e cordial, despede-se de nós.
Enquanto esperam que os colegas cheguem, Rodrigo Cardoso e António Fortunato preparam os microfones, o amplificador e as colunas. É ao som de acordes de guitarra que cumprimentamos a entrada de António Miguel, que trabalha no sintetizador, e de Francisco Cardoso, baterista. O guitarrista, Ricardo Barroso, é o último a chegar. É a primeira vez que ensaiam em dois meses e desde que o single “Saber Estar” foi lançado, devido à pandemia. Entre risos, prometem que nunca vão passar tanto tempo sem se reunirem.
O grupo divide-se entre o treino e a amizade. Diz-se que quem gosta do que faz nunca terá de trabalhar um dia na sua vida e Querubim é a prova disso mesmo. Os cinco riem-se e comentam episódios do dia-a-dia de cada um. Para além da amizade que nutrem uns pelos outros, há ainda outra característica que os une: o perfeccionismo. É com dedicação que repetem canções que acabaram de tocar, ora porque sabem que conseguem fazer melhor, ora porque sentem que fizeram um bom trabalho.
Retornando às origens, Rodrigo recorda como conheceu cada um dos elementos.
Já no ensaio, o volume dos instrumentos é muito alto, quase se sobrepõe à voz que segue, discreta, o ritmo da bateria, das guitarras elétricas e do baixo, uma característica do indie pop. Rodrigo dá uma grande ênfase ao instrumental, que compõe no conforto do quarto. Aos 15 anos montou o próprio estúdio com um teclado e uma guitarra que liga ao computador. É assim que ainda hoje compõe as melodias, às quais se segue a letra.
A primeira música tocada no ensaio foi “Lua/Maior”, a preferida do grupo. A canção de abertura de “Saber Estar”, “Reverie” é uma das mais bonitas, para Rodrigo, e a que o grupo considera ser mais difícil de tocar.
De entre as 11 músicas que compõem o álbum de Querubim, há três que se destacam: “Toca E Foge”, “Jardim da Luz” e “Saber Estar”. O grupo toca-as à medida que lhes pedimos.
“Toca E Foge”, foi a rampa de lançamento do projeto, com qual Rodrigo mereceu a menção honrosa na FNAC Novos Talentos e chegou à final do NOVA Bandas, concurso dinamizado pela Universidade Nova de Lisboa.
O título do álbum “Saber Estar” vem do nome homónimo da canção de encerramento. Rodrigo explica o que é, para ele, saber estar.
“Jardim da Luz” mereceu a vitória no Inéditos Vodafone e tem um lugar especial para Rodrigo. As músicas de Querubim constroem-se a partir de memórias. Desde as mais antigas, como o Batatoon, até à sua própria experiência pessoal, da qual retira maior inspiração para compor.