O autoconhecimento e uma boa gestão emocional podem ser garantia de uma melhor integração social e, consequentemente, de uma vida mais feliz, connosco e com os outros. Mas será que já nascemos realmente capazes de controlar este processo?
Interação entre os alunos na Escola das Emoções
A Escola das Emoções, situada na cidade de Leiria, começa a trabalhar estas questões desde tenra idade. Ali aprende-se a falar de emoções. É numa pequena sala da Instituição onde tudo acontece. No início da aula, as crianças acompanham sua facilitadora de desenvolvimento emocional. Descalçam-se e dirigem-se para o tapete que se encontra no meio da sala. Nada de cadeiras nem mesas, apenas um tapete onde lhes é possível serem eles próprios e partilhar, uns com os outros, como se estão a sentir. A partir de alguns jogos, vão aprender como podem usar as emoções a seu favor.
Na própria instituição e também através de parcerias com estabelecimentos de ensino de primeiro ciclo da cidade do Lis, a Escola das Emoções pretende ajudar cada vez mais crianças a conhecer e desenvolver o seu lado emocional, com base no autoconhecimento e autodescoberta.
Recorrendo a ferramentas como a meditação e o mindfulness (técnicas de atenção), esta organização espera que os mais novos consigam gerir melhor as suas emoções. Bernardo, de 9 anos, aluno da Escola das Emoções, partilha: “Temos de usar as nossas emoções para não nos deixar levar, para não nos deixar controlar por nenhuma”.
Sílvia Brites, psicóloga e especialista em gestão emocional dos mais jovens, explica às crianças de forma bastante simples esta relação entre as emoções e o pensamento. “Eu costumo dizer às crianças que a emoção é namorada do pensamento. Se há uma emoção, por exemplo a tristeza… quem é o marido da tristeza? É um pensamento que aquela criança tem que casa com aquela tristeza como o «Ninguém gosta de mim!». Já está, já temos ali o casal perfeito. Depois têm um filho que é o comportamento. As nossas ações derivam daquilo que nós pensamos”.
Tanto a Escola das Emoções como Sílvia Brites reforçam a ideia de que é imprescindível sentir todas as emoções, mesmo aquelas a que, no senso comum se apelidam de “más emoções” ou “emoções negativas”. Ou seja, apesar de não gostarmos de sentir medo, é ele que nos protege, pois se não existisse perderíamos, por exemplo, a noção do perigo. Esta lição está já tão presente no quotidiano dos pequenos estudantes de emoções que explicam sem hesitação que, se não sentíssemos medo: “Não nos protegíamos!”, “Não sabíamos quais eram os perigos que havia no mundo.”, e explicam ainda que é muito importante, “saber que objetos são perigosos para nós”.
Ficamos com a certeza que só reconhecendo as nossas próprias emoções e tendo em consideração as dos outros poderemos viver em Liberdade Emocional. Dito de outra forma, só com uma boa gestão emocional se podem adquirir competências para tomar as decisões adequadas, nas alturas adequadas, mediante as circunstâncias de vida que vão surgindo. Por isso é essencial que este trabalho seja feito desde cedo.
Para além do público juvenil, esta Escola dinamiza formações para pais, treino familiar e formação para educadores. Rita Felizardo, facilitadora de desenvolvimento emocional na Escola das Emoções, sublinha a importância de uma linguagem partilhada em relação às emoções. “Se à nossa volta todos tiverem a mesma linguagem, quer sejam os professores, a família ou a sociedade, claro que o caminho é muito mais fácil. Quando não há essa possibilidade, trabalhar só a criança, só o indivíduo, já lhe vai dar algumas ferramentas para conseguir desenvolver. Quando estamos todos juntos é mais fácil”, explica. Independentemente da idade, é fundamental ter em consideração a nossa mente, pensar no que se sente e, acima de tudo, saber entender a importância de procurar alguém que possa ajudar nessa aprendizagem.