Numa sociedade que se torna, a cada dia que passa, mais digital, é fácil “perdermo-nos” nas novas tecnologias. A inovação vem substituir o que é tradicional, em todas as áreas da nossa vida, e a informação não é exceção. Os novos media têm vindo a ultrapassar os meios de comunicação tradicionais, os hábitos de consumo de conteúdos informativos dos jovens estão a mudar, mas ainda há quem prefira o toque no papel de jornal aos ecrãs de um telemóvel, tablet ou computador.
Os meios de comunicação tradicionais foram os pioneiros na arte de informar, contudo, nos dias de hoje, sofrem uma crise causada pelos avanços tecnológicos que têm vindo a fazer crescer, cada vez mais, os chamados novos media. Aquilo que os jovens veem está a mudar, os hábitos de consumo de informação são diferentes, do que eram antigamente, e verifica-se um desinteresse quase geral em manterem-se informados através dos meios de comunicação tradicionais.
Esta é uma realidade nos dias de hoje, mas ainda há quem prefira os meios de comunicação tradicionais quando comparados com o mundo digital. Carolina Nunes é uma jovem de 19 anos que continua a ler jornais, ouvir rádio e ver televisão. Carolina é estudante da Licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade do Algarve e explica que o principal motivo que a faz preferir os meios de comunicação tradicionais, é o facto de os considerar mais confiáveis. Para a jovem, o uso de novos media está associado a perigos como a desinformação e as fake news, sendo por esse motivo um hábito desta jovem confirmar a informação que, esporadicamente, encontra nas redes sociais ou nas plataformas online.
Carolina, tal como os outros jovens da sua idade, utiliza redes sociais como o Instagram, Twitter, Facebook ou TikTok. Confessa que o que mais gosta nesses meios digitais é a interação com os outros e aquilo que mais vê são conteúdos de lifestyle e entretenimento. Assume que esse tipo de conteúdos a faz ficar “presa” ao ecrã e que raramente utiliza redes sociais ou plataformas online para consumir conteúdo informativo, por não confiar a 100% na informação divulgada.
“O que eu prefiro mesmo é estar em casa, ver o telejornal diário, ou ir a uma papelaria comprar o jornal e ler. É isso que me satisfaz a nível de ter alguma informação”.
Ao olhar para a sociedade atual, denotamos que são poucos os jovens que possuem hábitos de consumo de conteúdos informativos ou que se interessam por ver notícias, mesmo que poucas vezes por dia. No caso de Carolina, essa rotina começou durante o primeiro confinamento, numa altura em que a jovem procurava nos meios de comunicação tradicionais, toda a informação relativa à evolução da pandemia, desde a quantidade de infeções, ao número de mortes.
Um hábito que começou com notícias sobre pandemia, hoje cresceu para todo o tipo de informação. No presente, Carolina possui rotinas de consumo de notícias que fazem parte do seu quotidiano, sendo ao pequeno-almoço e ao jantar, juntamente com a sua família, os principais momentos em que se atualiza e informa sobre o que se passa no mundo, através dos noticiários transmitidos nas estações televisivas. Para além de ver noticiários na televisão e de os ouvir nas estações de rádio, Carolina tem uma rotina pouco comum na vida da maioria dos jovens portugueses e até da população adulta, que passa por sair para comprar o jornal quase todos os dias.
“Acho que comprar um jornal, sentir a textura e folheá-lo é muito mais satisfatório do que ir diretamente ao Google”.
Os jovens de hoje já não veem notícias nos meios de comunicação tradicionais e não se deslocam para comprar o jornal. Carolina tem noção de que o seu caso é raro e reconhece que a quase totalidade dos jovens da sua idade não têm o mesmo interesse por conteúdos informativos e pelos media tradicionais, pelo facto de terem fácil acesso a notícias através dos telemóveis que, hoje, acompanham as pessoas como se de parte do corpo se tratassem. Apesar de compreender e respeitar a preferência dos outros, e ter consciência da facilidade associada aos novos media, não esconde que no seu ponto de vista, a melhor opção é seguir os meios tradicionais por considerar que são mais sérios e verdadeiros.
“Nos meios de comunicação tradicionais não há tanta mentira, tanta polémica, é aquilo que estamos a ver, é aquilo que lemos no jornal e raramente acontecem casos de fake news”.
Os hábitos de consumo de conteúdos informativos por parte dos jovens têm vindo a mudar gradualmente, o futuro dos meios de comunicação tradicionais é incerto, mas são pessoas como a Carolina que alimentam a esperança de que no futuro os media tradicionais voltem a ser consumidos, também pelos mais novos.