O feminismo nos dias de hoje, as suas causas, como lutam e o que sentem na pele como mulheres. Juntamos quatro estudantes de diferentes áreas, desconhecidas até então, para falar sobre ser feminista e como fazem o seu ativismo na sociedade. A palavra é de Eva Flor, Rita Ramada, Benedita Amaral e Verónica Romano.

 

Eva Flor

“Acho que o ser feminista não é necessariamente alguém que vai lá para fora com cartazes, mas pode ser também. Eu não o faço, mas sempre que tenho oportunidade ou vejo alguma situação (…) gosto de falar, sempre com respeito.”

O meu nome é Eva Flor. Sou finalista em Design de Produto da Escola Superior de Arte e Design de Matosinhos. Tenho 25 anos, sou nascida e criada na Invicta. Tenho uma paixão enorme por investigação, não só a nível intelectual mas também espiritual!

Vivemos numa realidade individualista com a qual não me identifico. A falta de empatia, flexibilidade e do feminino distanciou-nos não só uns dos outros como de tudo o resto – a ausência de uma consciência universal criou guerras e um problema ambiental que põe em causa a própria humanidade. Se tivermos futuro, então ele governar-se-á por estas características espirituais e não por instituições burocráticas que nos diferenciam. O meu propósito de vida passa por isso: ganhar consciência sobre o “Eu” que é muito mais do que identidades ou formas corpóreas transmutáveis.

Rita Ramada

“Acho que é mais os atos do nosso quotidiano e aquilo que nós defendemos. Não é, se calhar, a imagem que muita gente tem de uma feminista. Muitas vezes vão para os extremos de forma a ridicularizar o movimento.”

O meu nome é Rita Ramada. Nasci e passei grande parte da minha infância em Vila Real, até me mudar para a Maia quando tinha 10 anos. Neste momento, com 20 anos, encontro-me no último ano da licenciatura em Engenharia Informática e Computação na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Uma das características que mais me define é ser uma pessoa bastante metódica, o que me tem vindo a ajudar durante o meu percurso académico. É, no entanto, algo que tenho vindo a tentar desaprender. Isto porque habituei-me a condicionar o meu pensamento criativo, ao concentrar-me demasiado em restrições impostas por mim mesma ou pelos sistemas que me rodeiam, acabando por cair em rituais de pensamento repetitivo.

Benedita Amaral

“Ir para a rua é uma forma de manifestação e não pode ser desvalorizada, senão as coisas não aconteciam. No meu caso, acho que [nunca fui] porque não tive oportunidade, no dia em que surgir tenho a certeza que lá estarei.”

Nascida e criada no Porto, chamo-me Benedita Amaral e tenho 20 anos. Desde pequena que me caracterizam pelo “mau feitio” e gosto de acreditar que pode ser um eufemismo da minha personalidade convicta e reivindicativa. Talvez tenham sido estes traços a despertarem-me para a necessidade de dar voz a causas estruturantes pelas quais tenho um grande interesse, como o Feminismo e demais injustiças sociais e até mesmo a proteção e bem-estar animal. A um nível mais pessoal, adoro viajar e ler.

Há dois anos decidi candidatar-me ao curso de Direito que atualmente frequento na Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Julgo que toda a mudança deve começar pelo Direito, uma das principais armas para combater os problemas que existem na sociedade. De certa forma, é isto que pretendo no meu futuro e na minha carreira profissional: lutar pela mudança.

Verónica Romano

“Considero-me feminista, mas não me considero ativista. Às vezes há comentários que nem me apercebo e, outras vezes, nem comento porque sinto que nem vale a pena, infelizmente.”

De Vila do Conde para o mundo e com 22 voltas ao sol, sou a Verónica Romano. A paixão por histórias de pessoas e realidades diferentes. A curiosidade inata em entender o mundo que nos rodeia. O sentido apurado de justiça. O empenho e a persistência. Todas estas minhas características trouxeram-me até ao jornalismo, e até à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A viagem até à FLUP foi surpreendentemente turbulenta, mas acabei por encontrar um caminho, por onde acredito (e, sobretudo, espero) vir a ser feliz.

Desde pequena que a dança, a música e o cinema me entusiasmam avidamente. Adoro ler e escrever e, recentemente, descobri a minha paixão por representar, no teatro. A arte preenche-me e nela encontro, muitas vezes, a beleza da vida.