Conferência ‘Ensino do Jornalismo: entre a escola e a redação’ – resumo do primeiro dia

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A sessão do dia 20 de maio abriu com a intervenção de Marcelo rebelo de Sousa que, numa comunicação em vídeo, lembrou que o jornalismo é um pilar da sociedade. Apesar de se dizer preocupado com o desinvestimento nos meios de comunicação, o Presidente da República afirma estar confiante no contributo dos futuros jornalistas para a melhoria da democracia e coesão social.

Sofia Colares Alves, Representante da Comissão Europeia em Portugal, reafirmou que a qualidade, pluralidade e liberdade da informação são preocupações transversais para a Comissão Europeia e divulgou um conjunto de iniciativas de relevo para o apoio em três áreas principais: informar, questionar e dar voz.

A conferência de abertura de Eduardo Meditsch, professor e investigador, propôs uma perspetiva histórica para abordar os principais desafios para o ensino nesta área, numa alusão à deceção (ou deceções) de Pulitzer. Deixou a proposta de 10 desafios a levar em conta: estruturas herdadas; tipos de conhecimento; memórias perdidas; territórios ocupados; conflito de faculdades; não legitimação; explicitação; inovação; isolamento e, finamente, complementaridade.

Abordou-se a ideia de que, muitas vezes, os valores jornalísticos são subjugados a outros interesses particulares e, complementarmente, a conceção de que as universidades continuarão a ser as “guardiãs” destes valores, assumindo uma posição fundamental nesta problemática. O debate centrou-se em assuntos como a legitimação e concetualização do jornalismo (e a profissão de jornalista), preocupações com o jornalismo de nicho e, ainda, a importância da formação.

 

A primeira tarde da conferência terminou com o painel “Entre o curso e o mercado: o acesso à profissão”, que juntou, em debate, professores de jornalismo, diretores de informação de OCS, estudantes e jornalistas. Partindo de um conjunto de dados e reflexões sobre o acesso à profissão, os diferentes convidados discutiram as potencialidades e riscos dos estágios como porta de entrada para a profissão, os desafios de articulação entre a academia e as redações e ainda deixaram um conjunto de conselhos para os futuros jornalistas.

Deste encontro e desencontro de ideias, resultou uma noção comum: um jornalista só será um bom jornalista se for informado, se tiver uma atitude proactiva, se souber fazer perguntas e, acima de tudo, se souber ouvir. Valorizou-se ainda a abertura da profissão, o espírito crítico e a diversidade, imprescindíveis para a sua prática plena. No que toca à componente académica, foi discutido o perfil dos estudantes que chegam aos cursos de jornalismo (ou áreas afins), manifestando-se a preocupação com uma certa “ilusão”, ainda que se perceba um crescimento do interesse por um jornalismo de proximidade. Do lado dos profissionais anotou-se a precariedade, com referências aos estágios e à sua possível instrumentalização por parte de empresas como uma forma de colmatar lacunas de recursos humanos, em detrimento dos ideais de acompanhamento, orientação e aprendizagem.

 

Apesar dos desafios apontados, esta primeira parte da conferência terminou num tom geral de otimismo e incentivo, ao apontar-se a persistência, resiliência, missão e serviço público como características intrínsecas do perfil dos jornalistas (atuais e futuros).

Esta primeira parte pode ser (re)vista na Página do Facebook da Representação da Comissão Europeia em Portugal aqui.