O som é uma energia que vem das vibrações e, sendo a matéria-prima da rádio, com o som e com a rádio vibramos. No REC desta semana, homenageamos o som e uma senhora muito velhinha. A rádio já tem mais de 100 anos, mas anda connosco para todo o lado. E mesmo convocando apenas um sentido, com ela vemos, cheiramos, sentimos e imaginamos o mundo.
A rádio tem até direito a um dia. A 13 de fevereiro de 2012, foi celebrado o primeiro Dia Mundial da Rádio. A data tinha sido declarada pela UNESCO no ano anterior. Desde então, todos os anos há um tema proposto para festejar o meio. Em 2021 são três: evolução, inovação e contacto. A rádio que aproxima, cresce e dá o salto. É também por estes temas que vamos andar de ouvidos à espreita.
Arrancamos este episódio do REC ao lado de um homem que conhece todas as ruas da Universidade FM, em Vila Real. Os nossos Repórteres em Construção pediram boleia a Luís Mendonça, que começou a fazer rádio aos 14 anos e “aquilo foi uma atração fatal”.
O “bichinho da rádio” também atingiu em cheio Hélder Figueira, que foi aprimorando a capacidade de escutar por ter nascido com problemas de visão. Ele é produtor, locutor e sonoplasta na rádio Caria, uma estação que emite a partir do concelho de Belmonte e é uma frequência de proximidade. A dona Rosa, por exemplo, não passa sem os discos pedidos e só desliga o rádio à quinta-feira, quando tem de ir à fisioterapia.
Já muitos vaticinaram a morte da rádio, mas todos os dias o meio dá uma prova de vida. O digital veio dar uma ajuda ainda maior. Ouça-se o caso da Rádio Miúdos, a primeira a ser feita por crianças e para crianças. Nasceu no Bombarral em 2015, mas chega a todo o lado através da internet. Apesar de a covid-19 ter vindo alterar rotinas e modos de produção, a rádio adapta-se aos dias virados do avesso.
Pare, escute e grave! Com o confinamento imposto pela pandemia, muitos foram aqueles que quiseram experimentar ter a sua própria rádio no formato podcast. Sem precisar de equipamentos complexos ou de surfar em ondas hertzianas, o podcast apanhou a boleia do áudio-pronto-a-vestir, graças às muitas ferramentas e aplicações online gratuitas. Com isso, a rádio deixou de ser só da rádio. Meios como a imprensa deixaram-se seduzir pelo som. Nesta edição, vamos ouvir Rúben Martins, autor de vários podcasts do jornal Público.
Mas não basta agarrar num microfone para fazer rádio. Agarrar alguém pelos ouvidos é uma arte.
Nesta edição, terminamos com um artista – porque é arte que faz – que escuta e conta o mundo como ninguém. Vamos amada rádio adentro com Fernando (Rádio) Alves.
Boa escuta!
Neste programa participaram Bruno Sevivas, Carlos Ferreira e Pedro Batista, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Carolina Bicho, Inês Salvador e Ana Margarida Rodrigues, da Universidade da Beira Interior; Carolina Tomás e Mariana Santos, do Instituto Politécnico de Leiria; Pedro Silva Vitorino e João Freitas, da Universidade Nova de Lisboa e Carolina Quaresma, da Escola Superior de Comunicação Social em Lisboa. Com locução de Ana Sofia Marques, da Universidade Autónoma de Lisboa; edição e pós-produção-áudio de Rita Colaço, repórter da Antena 1, e coordenação de Luís Bonixe, professor do Instituto Politécnico de Portalegre.