A TSF está no ar há quase 33 anos. Sendo uma das rádios informativas de referência a nível nacional que se compromete a ir ao fim do mundo em busca das notícias, é curioso perceber como tudo ganha vida. A emissão não para e tem um suporte adicional que também está em constante atualização: o site. Equipas distintas, mas a mesma lógica editorial. Como é um dia na redação da TSF?
É bem cedo. O sol ainda não nasceu no horizonte. Por volta das 5h00 da manhã, os jornalistas começam a chegar à redação. Verificam aquilo que foi feito na noite anterior e leem os jornais do dia para reunir toda a informação importante para o noticiário das 7h00 e seguintes.
No início de cada turno, é sempre feita uma reunião em que se divide as tarefas, discute os temas que vão ser abordados e os contactos que precisam de ser feitos. Depois, o dia transforma-se numa grande azáfama com a “rapidez e imediatismo da rádio”, tal como considera a editora do online da TSF, Teresa Mota.
TSF: uma redação non-stop
Gravações de entrevistas. Gravações e montagem de peças. Elaboração de textos. Noticiários de meia em meia hora que não deixam ninguém ter um minuto de descanso. O diretor adjunto da TSF, Ricardo Alexandre, nota que “não há quase tempo para ir à casa de banho”.
Estas são algumas das conversas entre jornalistas, editores e técnicos de som que se vão ouvindo na redação da rádio.
Por volta das 8h00, a segunda equipa da manhã chega à redação. Tal como o turno anterior, os jornalistas e respetivo editor reúnem-se para verificarem os temas que vão continuar a acompanhar e aqueles que vão cair, porque, assim como refere a subeditora das tardes da TSF, Ana Sofia Freitas, “é sempre importante ir dando uma outra cor aos noticiários”.
O stress talvez comece a aumentar a partir deste horário. Há mais informação que precisa de ser dada e o tempo para fazer os noticiários é muito curto. É preciso ter tudo pronto para as 11h00, a hora do primeiro noticiário do segundo turno. Enquanto isso, a equipa que agora terminou, reúne-se novamente para planear o dia seguinte.
Há jornalistas na redação a fazer o trabalho de bastidores, mas também há repórteres na rua a cobrir os assuntos do dia, principalmente quem faz parte das editorias de política ou desporto que, segundo o diretor executivo da TSF, Pedro Pinheiro, “são equipas relativamente autónomas e capazes de responder ao essencial de cada dia”. É o caso do jornalista da TSF, Filipe Santa-Bárbara que é integrante da equipa da política. O jornalista revela que, hoje em dia, “quase” não vai à rádio, considerando como um “luxo” o facto de “estar praticamente sempre no terreno”. A subeditora do primeiro turno das manhãs da TSF e que edita também aos fins-de-semana, Cristina Lai Men, confessa que, apesar de gostar de estar nos bastidores a produzir noticiários, o seu sonho era “poder só fazer reportagem”. “Eu aqui há uns tempos brincava que ainda tinha saudades de fazer conferências de imprensa da CGTP ou de ir a um Conselho de Ministros, agora já não tenho”, relembra.
É tudo muito urgente, sempre. Vive-se um verdadeiro frenesim. Entre muita correria, peças que precisam de ser montadas e sons que já deveriam estar na pasta prontos a ir para o ar, não há lugar para falhas. A certeza é só uma: à hora certa o editor tem de estar pronto para o noticiário.
Ao longo do dia, as equipas que trabalham para a antena vão mudando, mas a rotina, o comprometimento e o brio com que se faz rádio mantêm-se.
Colaboração entre equipas
A TSF Online também começa cedo. Apesar de os horários serem rotativos, o primeiro jornalista entra ao serviço por volta das 6h00 da manhã. A primeira tarefa é semelhante àquela desempenhada pelos jornalistas da rádio: ver aquilo que foi feito por quem esteve a trabalhar durante a noite. Apesar de não se restringir a isso, a informação apresentada pelo site baseia-se muito por aquela que é dada em antena. No final de cada noticiário e jornais de desporto, verifica-se sempre quais as notícias que foram para o ar e que ainda não estão no site. Depois, é uma questão de adaptar o texto, adicionar os sons ou peças e está pronto.
A jornalista da TSF Carolina Rico admite que a capacidade de transformar o texto áudio num texto para o site “é uma coisa que se vai aprendendo com o tempo” e é algo em que a equipa online tem mais “dificuldade”. A jornalista explica que “uma coisa é uma notícia, outra coisa completamente diferente é transformar uma reportagem áudio numa reportagem online, porque isso só o próprio repórter que esteve no local é que consegue fazer essa transição e mesmo assim pode perder valor”.
Mas não é só de verificação de noticiários que é feito o trabalho do online. É também necessário estar atento aos e-mails para ver se cai alguma informação importante, bem como aos takes das agências noticiosas, como a Lusa ou a AFP, ou a algum outro trabalho enviado por um repórter da TSF e que é preciso colocar no site. Há temas que vale a pena ser acompanhados ao minuto, como os jogos de futebol ou um debate no Parlamento. Prestar atenção àquilo que vai passando nas televisões é, por isso, também uma das tarefas principais.
É tudo à base da rapidez. A jornalista da TSF Sara Beatriz Monteiro sublinha que é tudo muito “constante”, quer seja na antena, quer seja no online. “No site, tu estás a fazer um texto, mas de repente cai uma última hora e sobretudo em equipas relativamente reduzidas como a nossa, tu deixas o texto a meio para fazer outra coisa”, explica, acrescentando que, na antena “se estiveres a ler um noticiário e de repente cair uma última hora ou alguma notícia importante, tu tens que dar na hora e não tens tempo para pensar em como vais dizer as coisas”. O trabalho é sempre de equipa, sendo essenciais o contacto e a conversa entre todos.
Embora as equipas da rádio e do site sejam diferentes, o editor do online da TSF, Pedro Andrade Soares, refere que tem que haver coordenação entre os dois meios de modo a que aquilo que passa on-air também esteja disponível no site da TSF. Pedro Andrade Soares afirma que “normalmente, quando a antena abre um noticiário com um tema, inevitavelmente esse tema, muitas vezes, já está no online, em manchete provavelmente, ou entrará nos minutos a seguir”. No entanto, a jornalista da TSF Rita Carvalho Pereira diz que o site pode também tratar de assuntos que a antena não dá no ar, como “coisas mais virais”. A comunicação entre os editores do online e da antena é fundamental para que nada falhe.
Entre noticiários, programas de autor, música, relatos de jogos de futebol e publicações para o site, é assim que se vive o constante alvoroço de uma redação de informação como a TSF.
Informar em tempos de pandemia
Enquanto há negócios que fecham as portas por não aguentarem a crise provocada pela pandemia de covid-19, “o jornalismo tem que estar sempre lá”, como realça a jornalista da TSF Rita Carvalho Pereira. Não importa aquilo que esteja a acontecer no mundo, é a função dos jornalistas estarem sempre prontos a informar o público. O diretor executivo da TSF, Pedro Pinheiro, menciona isso mesmo, dando um exemplo em tom de brincadeira: “Na abertura do ano letivo, as crianças estão a chegar à escola acompanhadas pelos pais onde estão também os professores e os funcionários, mas os jornalistas que contam esta história estão em casa”. Para Pedro Pinheiro, isso “não bate certo com aquelas que são as regras base da nossa profissão”.
Apesar de a pandemia ter abalado todo o sistema de organização da TSF, a informação não parou de chegar aos ouvintes e leitores. E não poderia ser de outra forma! O jornalista da TSF Filipe Santa-Bárbara, por exemplo, foi um dos que continuou sempre a estar no terreno. Apesar dos receios e cuidados de higiene redobrados, admite que foi “o repórter que estava sempre na rua, por isso, do ponto de vista jornalístico a minha vida não mudou assim tanto porque eu continuava a ir para os sítios fazer as coisas”.
Ainda que não só em tempos de pandemia, a TSF tem correspondentes por todo o país e pelo mundo fora. Mas, numa altura como esta, é fundamental a ajuda de todos para que se dê a conhecer o cenário global de um acontecimento que nos tocou e ainda toca a todos. Desde o Porto a Bruxelas, passando, entre outros, pelo Algarve, Coimbra e Espanha, os correspondentes da TSF trabalham para dar notícias que distingam a rádio dos demais meios de comunicação.
A equipa do online está em teletrabalho, à exceção dos editores que estão, um de cada vez, presencialmente, na redação. Por isso, toda a comunicação entre quem trabalha para o online passou a ser feita por chamadas telefónicas, WhatsApp e Hangout. Apesar de ser mais difícil estar dependente das tecnologias para fazer a comunicação fluir, a conversa tem de ser permanente. A jornalista da TSF Carolina Rico reconhece que trabalhar através de casa ajudou na proteção de todos, mas “não é a mesma coisa”, porque na redação “era só virar para o lado e questionar caso surgisse alguma dúvida”. A partir de casa, Carolina Rico menciona que “dá mais trabalho, tenho que estar a escrever num chat, tenho que estar a ligar para alguém de propósito, às vezes, para colocar uma dúvida ínfima, como pedir ajuda para uma palavra ou para um sinónimo”.
Na antena também há quem trabalhe através de casa. Na redação, apenas estão três ou quatro jornalistas, contando com o editor. Todos os outros estão em teletrabalho ou, quando necessário, em reportagem.