A Covilhã ficou conhecida como a “Manchester Portuguesa” durante largas décadas. As fábricas têxteis polvilhavam cada recanto da Cidade Neve e grande parte da população sustentava-se através da arte da tecelagem. A cidade mudou e embora a maioria das indústrias têxteis tenha desaparecido, a Covilhã continua a preservar a suas memórias.
A história dos lanifícios na Covilhã remonta ao final século XVI, quando D. Luís de Menezes, Conde da Ericeira, ergue a primeira Fábrica Real – a Fábrica de Sarjas e Beatas, junto à Ribeira da Carpinteira.
A proximidade à Serra da Estrela permitiu a expansão do setor pastorício que, por sua vez, facilitou o acesso à matéria-prima central da indústria dos lanifícios – a lã. A existência de duas ribeiras na cidade da Covilhã – Ribeira da Carpinteira e Ribeira da Goldra – ajudou na instalação de fábricas têxteis na região, uma vez que o acesso à água, necessário para a lavagem da matéria-prima, era privilegiado.
Após o terramoto de 1755, Marquês de Pombal, primeiro ministro do reinado de D. José I, reconhece a importância dos lanifícios produzidos na Covilhã. Surge, então, a 26 de junho de 1764, a Real Fábrica dos Panos, junto à Ribeira da Goldra. Aquela que foi a primeira grande fábrica têxtil da cidade dá hoje lugar ao Polo I da Universidade da Beira Interior.
Nos tempos áureos da indústria de lanifícios na Covilhã, chegaram a existir mais de duas centenas de empresas. Ao longo dos tempos, a aposta neste setor foi perdendo força e, atualmente, existe cerca de uma dezena de empresas em atividade.
Imagens cedidas por Paulo Jesus, autor do blogue “Covilhã, Cidade Fábrica, Cidade Granja”.