A abrir o mês de dezembro, teve lugar na Cidadela de Cascais a conferência “Financiamento dos Media”, organizada pelo Sindicato dos Jornalistas, que “convoca todos – o Estado, as empresas, públicas e privadas, grandes ou pequenas, nacionais, regionais
ou locais, os jornalistas e a sociedade – a irem além do diagnóstico, apontando caminhos e soluções”. Teve a duração de dois dias, 2 e 3 de dezembro, e contou com a presença de algumas das personalidades mais influentes no meio.
Nuno Artur Silva, o antigo diretor do Conselho de Administração da RTP e agora Secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Média, foi um dos primeiros a discursar. Aderiu ao diagnóstico da presidente do Sindicato dos Jornalistas, Sofia Branco, que disse que “a comunicação social é um setor em crise acentuada e prolongada, enfrentando graves problemas de sustentabilidade”.
No seu discurso, Nuno Artur Silva alicerçou a posição do governo e mostrou que a criação desta nova secretaria de estado que foi inaugurar tem uma mensagem política e significa que “há uma valorização dos média, livres e democráticos”. Deixou ainda claro que a RTP e a Agência LUSA são elementos fundamentais para a cultura e um dos pilares da democracia portuguesa.
No segundo e último dia falou-se da responsabilidade social das grandes plataformas, de jornalismo regional e local e de modelos alternativos. Referiu-se a falta de investimento em publicidade nos meios de comunicação regionais e locais, não se pouparam críticas ao
estado dos média em Portugal e houve também tempo para se falar de fake news. Uma semana depois de ter recebido o Prémio “Gazeta Revelação 2018”, Ricardo Esteves Ribeiro também esteve presente na conferência. No seu discurso, apontou o dedo aos administradores e gestores dos grandes meios de comunicação social portugueses. Ao 8ª Colina, falou sobre a importância de projetos de jornalismo independente e livre “sem paywalls, conteúdos premium ou fechados.”
Para concluir estes dois dias de conferências contámos com o resumo de Adelino Gomes sobre os temas discutidos: “o jornalismo profissional sem deontologia, sem ética e sem excelência não faz sentido”, sendo os jornalistas vistos como “funcionários da humanidade”.
Sofia Branco, presidente do Sindicato dos Jornalistas, que também fez a abertura, realçou que “o diagnóstico não é otimista mas não saímos [da conferência] sem luz ao fundo do túnel”. “Continuar sem ver o que está à vista de todos será contribuir para a extinção do jornalismo – farol cada vez mais imprescindível num mundo em comunicação constante e desinformação crescente. Está na altura de juntos salvarmos o jornalismo, sob pena de, em pouco tempo, já não haver nada para salvar”.
Para encerrar os dois dias de conferência, foi a vez de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, discursar sobre o momento que atravessamos e sobre a importância e posição do jornalismo no futuro, que é incerto, afirmando que “é tempo de acordar para uma responsabilidade de poder público”.