O que aqui temos é uma experimentação do modelo de reportagem que estes estudantes ambicionam desenvolver, já daqui a uns meses, quando concluírem a atual fase de formação universitária em jornalismo e iniciarem o trabalho profissional como jornalistas.
Equipas de estudantes de quatro das escolas participantes no REC dedicaram-se a tratar, em modo jornalístico, diferentes experiências de rutura. O trabalho foi pensado tendo como destino prioritário a publicação em rádio, o que imediatamente implica pensar cuidar o requinte do som. Mas a rádio, como tudo no REC, tem agora todos os suportes de expressão: o texto, a fotografia, o vídeo. Tudo integrado na web e num ecrã de computador ou smartphone. É com esta cultura de base que todas as reportagens foram desenhadas e construídas.
Como ponto de partida, uma das perguntas para as quais as equipas de repórteres procuraram respostas: existe a solidão dentro de uma cidade com centenas de milhares de residentes? Os nossos repórteres encontraram, em Lisboa, a solidão de quem, pela idade ou pela doença, sente o isolamento apesar de viver no meio da multidão da grande cidade. É a solidão, por exemplo, de quem dá um tombo em casa e fica horas e horas à espera de uma mão que ajude essa pessoa a voltar a levantar-se. É um dos relatos na reportagem de Margarida Alpuim e de Rita Matos, da Escola Superior de Comunicação Social.
Não é só nas idades mais crescidas que se sente a rutura com o aconchego diário. Também acontece com os estudantes que, chegado o tempo da universidade, têm de partir para longe da casa da família. É o tema da reportagem de André Ferrão, Catarina Vasconcelos e Lara Lopes, da Universidade do Porto.
Uma outra rutura tratada nesta série de reportagens: há desgraças que obrigam a começar de novo, se possível com melhores e mais certeiras raízes. É o que levou grupos de voluntários a meterem-se ao caminho de território florestais devastados para ajudar a fazer crescer vida vegetal que o fogo tirou. Francisco Nascimento, Joana Goncalves, João Santos e Sara Alves, da Universidade da Beira Interior, trataram de acompanhar equipas que se dedicam a essa tarefa de revitalização em zonas ardidas da Serra da Estrela.
Também há a desolação de pessoas que criam laços afetivos com coletividades ou clubes que por uma ou outra circunstância entraram em colapso. É o que aconteceu com o Estrela, na Amadora. Muitos adeptos não se resignaram com o crepúsculo e mobilizaram-se para o renascimento do Estrela, clube no coração de tanta gente na Amadora. Essas etapas da vida da coletividade foram acompanhadas ao longo de várias semanas por Cláudia Monarca Almeida, Nuno Martins, Rita Antunes e Sebastião Barata, da Universidade Nova de Lisboa.
Todas as quatro equipas de estudantes em reportagem participaram com empenho nas diferentes etapas da tarefa: no planeamento, no trabalho de campo e no trabalho de estúdio. Cada pessoa comprometida com a exigência de qualidade apurada.
Fica o trabalho jornalístico para ser escutado, visto e lido.
O segundo programa do REC vai para o ar na Rádio Renascença durante a emissão das 13h00 do dia 3 de fevereiro. A coordenação, edição e apresentação do programa de rádio do REC com estas reportagens é de Francisco Sena Santos, jornalista e professor na Escola Superior de Comunicação Social. A pós produção é de Miguel van-der Kellen, professor na Universidade Autónoma de Lisboa e formador no Cenjor.